A evolução histórica da flauta até Boehm
por Sávio Araújo
Professor de Flauta DM/IA/UNICAMP
Introdução: a Flauta Primitiva
A flauta é um dos mais antigos instrumentos. Desde os tempos mais remotos,
encontramos relatos sobre homens que se utilizavam de ossos e outros objetos com formato de
tubo para produzir sons. Na era paleolítica, tais fatos tinham ligações com o simbolismo das
culturas e os fenomenos sonoros ligados à esses objetos tinham um significado místico. Como os
tambores, a flauta foi inventada para servir a rituais de magia. Era usada por curandeiros das
tribos como um instrumento de auxílio em suas comunicações com o mundo dos espíritos, para
curar doenças, cessar a chuva e assim por diante.
Em seus estágios iniciais, a flauta tinha várias formas, desde um pequeno apito feito a
partir de osso de avestruz, passando pelo tubo de bambu com um corte em forma de forquilha
(que mais tarde se transformaria na flauta doce) e ainda algumas fabricadas a partir de cascas de
frutas que, após secas, deixavam uma cavidade ôca em seu interior.
Com o passar do tempo, orifícios foram sendo adicionados às flautas e suas outras formas.
As civilizações Egípcias e Sumérias já entraram na história fazendo uso de instrumentos com três
ou quatro orifícios. No entanto, desde a era pré-histórica já se sabia de flautas fabricadas com
ossos e contendo vários orifícios perfurados.1
A flauta, portanto, herdou estas características mágicas. Em solos orquestrais como
L'Après-midi d'un Faune (Debussy) e Daphnis and Chloë (Ravel), não é difícil identificar o deus
Pan, recostado à uma árvore, flauteando seus encantos e inspirando a floresta com seu som
mágico.
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A evolução histórica da flauta até Boehm 2
Flautas Primitivas
Uma seleção de flautas de várias formas e materias: 1) apito de osso de avestruz; 2) apito de casca
de fruta; 3) shakuhachi (Japão); 4) flauta Africana; 5) par de flautas de ritual (Nova Guiné); 6) auloi
(pífaro duplo; A tenas); 7) “ap ito de falange”, osso de alce; 8) “flautas de Jiahu”, osso de passarinho
(China).
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Idade Média
Podemos considerar que a flauta teve d
uas fases distintas: a fase “alemã”, ou do sistema
antigo, e a fase da flauta moderna, a partir de Theobald Boehm. Na Renascença e mesmo antes,
havia diversos instrumentos que eram chamados de flautas. Alguns que eram tocados
verticalmente tornaram-se a moderna flauta doce, enquanto que os que eram tocados de lado
transformaram-se na flauta transversal. Eram, no entanto, construídos em tubos únicos de
madeira e continham orifícios que eram fechados com os dedos para produzir diferentes notas
(Figura 1).
Enquanto que antes de 1400 os instrumentistas somente acompanhavam os cantores,
participando em composições vocais como pequenas canções e, mais tarde, em madrigais e
motetes, a partir da Renascença tornaram-se emancipados da música vocal e tiveram suas próprias
formas de música instrumental. Ainda assim, a concepção dos instrumentos seguia os mesmos
moldes da música vocal, ou seja, cada tipo de instrumento era feito em diversos tamanhos,
basicamente correspondendo às partes de um conjunto vocal. Martin Agricola mostrou quatro
diferentes tipos de flautas, chamadas “Schweitzer Pfeiffen” (Figura 2), em sua obra Musica
Instrumentalis deudsch, publicada em 1529, que eram utilizados principalmente com
instrumentos de percussão como caixas e com finalidades militares ou marciais.
Com a chegada da segunda metade do século
XVI houve um aumento significativo no
interesse pelo timbre como uma entidade
musical independente, o que, por sua vez,
estimulou ainda mais o conceito de construção
dos instrumentos. Com a criação da música
instrumental, as qualidades tonais dos
A evolução histórica da flauta até Boehm 3
diferentes tipos de instrumentos e considerações como coloração do som em conjunto com a linha
melódica, harmonia e contraponto, tornaram-se exigências. A instrumentação tornou-se uma
parte importante da composição e houve o surgimento da orquestra.
O primeiro compositor a reconhecer a família de flautas transversais como instrumento de
suficiente valor musical, diferentemente da sua função militar, foi Michael Praetorius, em sua
obra Syntagma Musicum, de 1619-20 (Figura 3). A figura mostra três tamanhos diferentes de
flautas, chamadas Querflötten ou Querpfeiffen (Discante: A1-A3; Alto ou Tenor: D1-D3; Baixo: G-
G2),2 cada uma delas com uma tessitura natural de duas oitavas e meia, mais quatro notas,
chamadas de “falsete”, que somente eram obtidas por instrumentistas habilidosos.
Estes instrumentos foram os precursores da chamada “flauta alemã” do século XVII ao
século XIX. A flauta Alto ou Tenor era afinada em D, uma característica de todas as flautas antes
de Boehm; e a Baixo foi a primeira flauta a ser dividida em duas partes para se ajustar a afinação.
Por volta de 1636, Marin Mersenne identificou duas flautas transversais, chamadas Flûtes
Allemands, e que eram afinadas em D e em G. Apesar dessas flautas não possuírem chaves, o que
somente ocorreria cinqüenta anos mais tarde, Mersenne chamava a atenção para esse fato e
argumentava que o caminho natural para o desenvolvimento da flauta transversal deveria,
obrigatoriamente, ser o de transformá-la em um instrumento cromático. Esse objetivo, segundo
Mersenne, poderia ser atingido mediante a adição de um sistema de chaves. Indo além em sua
idéia, Mersenne esboçou um sistema que mostrava a forma das chaves e o sistema de molas.
Mersenne também falava sobre os materias utilizados na construção das flautas. Além de
alguns tipos de madeira mais resistentes (como boxwood3, cocuswood e grenadilha), flautas eram
também fabricadas em ébano, vidro e cristal. Na realidade, já um século antes das anotações de
Mersenne, a flauta de vidro era conhecida; no inventário de Henrique VIII, Rei da Inglaterra de
1509 a 1547, havia o registro de três flautas de vidro.
terça-feira, 3 de abril de 2012
Música Renascentista
O período da Renascença se caracterizou, na História da Europa Ocidental, sobretudo pelo enorme interesse ao saber e à cultura, particularmente a muitas ideias dos antigos gregos e romanos.
Foi também uma época de grandes descobertas e explorações, em que Vasco da Gama, Colombo, Cabral e outros exploradores estavam fazendo suas viagens, enquanto notáveis avanços se processavam na Ciência e Astronomia.
Os compositores passaram a ter um interesse muito mais vivo pela música profana ( música não religiosa), inclusive em escrever peças para instrumentos, já não usados somente para acompanhar vozes. No entanto, os maiores tesouros musicais renascentistas foram compostos para a igreja, num estilo descrito como polifonia coral ou policoral e cantados sem acompanhamento de instrumentos.
A música renascentista é de estilo polifônico, ou seja, possui várias melodias tocadas ou cantadas ao mesmo tempo.
Música vocal
Na Basílica de São Marcos, em Veneza, havia dois grandes órgãos e duas galerias para coro, situadas em ambos os lados do edifício. Isso deu aos compositores a ideia de compor peças para mais de um coro, chamadas policorais. Assim, uma voz vinda da esquerda é respondida pelo coro da direita e vice versa. Algumas das peças mais impressionantes são as de Giovani Gabrielli ( 1555 - 1612), que escreveu corais para dois e três grupos.
Os Motetos eram peças escritas para no mínimo quatro vozes, cantados geralmente nas igrejas. Os Madrigais eram canções populares escritas para várias vozes e que se caracterizam-se por não ter refrão. De grande sucesso nas Inglaterra do século XVI, passaram a ser cantados nos lares de todas as famílias apaixonadas por música.
Música instrumental
Até o começo do século XVI, os compositores usavam os instrumentos apenas para acompanhar o canto, contudo, durante o século XVI, os compositores passaram a ter cada vez mais interesse em escrever música somente para instrumentos.
Em muitos lares, além de flautas, alaúdes e violas, havia também um instrumento de teclado, que podia ser um pequeno órgão, virginal ou clavicórdio. A maioria dos compositores ingleses escreveu peças para o virginal. No Renascimento surgiram os primeiros álbuns de música, só para instrumentos de teclados.
Muitos instrumentos, como as charamelas, as flautas e alguns tipos de cornetos medievais e cromornes continuavam populares. Outros, como o alaúde, passaram por aperfeiçoamentos.
Cláudio Monteverdi - 1567/ 1643 |
Música Medieval
Durante muito tempo, a música foi cultivada por transmissão oral, até que se inventou um sistema de escrita. Por volta do século IX apareceu, pela primeira vez, a pauta musical. O monge italiano Guido d’Arezzo (995 - 1050) sugeriu o uso de uma pauta de quatro linhas. O sistema é usado até hoje no canto gregoriano.
A utilização do sistema silábico de dar nome às notas deve-se também ao monge Guido d'Arezzo e encontra-se numa melodia profana, hino que os meninos cantores entoavam ao padroeiro dos músicos São João Batista, para que os protegesse da rouquidão, cada linha da qual começava com uma nota mais aguda que a anterior. Associou à melodia a um texto sagrado em Latim, cuja primeira sílaba de cada linha podia dar o nome de cada nota da escala musical.
Ut queant laxit
Ressonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solvi polluti
Labii reatum
Sancte Ioannes
Ressonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solvi polluti
Labii reatum
Sancte Ioannes
Cuja tradução é: Para que nós, servos, com nitidez e língua desimpedida, o milagre e a força dos teus feitos elogiemos, tira-nos a grave culpa da língua manchada São João.
Durante o século XIX, o sistema de Guido foi adaptado para transformar-se no sol - fá tônico dos nossos dias, e usado para ensinar não músico a cantar música coral. Foi nessa época que alguns tons foram reformulados de modo a facilitar o canto. Ut tornou-se DÓ e SA tornou-se SI (iniciais de Sancte Ioannes)
O tipo de música mais antigo que conhecemos consiste em uma única linha melódica cantada, sem qualquer acompanhamento. Este estilo é o chamado Cantochão ou Canto Gregoriano. Com o passar do tempo acrescentou-se outras vozes ao cantochão, criando-se as primeiras composições em estilo coral.
Além do Cantochão, cantado nas igrejas, produziam-se na Idade Média muitas danças e canções. Durante os séculos XII e XIII houve intensa produção de obras em forma de canção, composta pelos trovadores, poetas e músicos do sul da França e Itália.
As danças eram muito populares em festas e feiras e podiam ser tocadas por dois instrumentos, com um grupo mais numeroso. Os instrumentos que acompanhavam estas danças incluíam: a viela (antepassado da família do violino), o alaúde, flautas doces de vários tamanhos, gaitas de foles, o trompete reto medieval, instrumentos de percussão ( triângulos, sinos, tambores).
Philippe de Vitry 1290 - 1361 |
História da Música
HISTÓRIA DA MÚSICA
Ao redor de 500 anos D.C. a civilização ocidental começou a emergir do período conhecido como A Idade Escura. Durante os próximos 10 séculos, a Igreja católica recentemente emergida dominaria a Europa, enquanto administrando justiça, instigando "as Cruzadas Santas" contra o leste, estabelecendo Universidades, e geralmente ditando o destino da música, arte e literatura.
Dessa forma classificou a música conhecida como canto gregoriano que era a música aprovada pela Igreja. Muito posterior, a Universidade de Notre em Paris viu a criação de um tipo novo de música chamada organum. Foi cantada a música secular por toda parte na Europa pelos trovadores e trouvères de França. E foi durante a Idade Media que a cultura ocidental viu a chegada do primeiro grande nome em música, o de Guillaume Machaut.
Diante do exposto, podemos dividir a história da música em períodos distintos, cada qual identificado por um estilo. É claro que um estilo musical não se faz da noite para o dia. É um processo lento e gradual, sempre com os estilos sobrepondo-se uns aos outros. Mas, para efeito de classificação, costuma-se dividir a História da Música do Ocidente em seis grandes períodos:
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Gincana
Olá queridos alunos!
Vamos realizar uma atividade que servirá como base para a tarefa de música da Gincana do dia 13/04 Sexta-feira.
Matéria - História da Música
Acompanhem as aulas e observem as oficinas no decorrer da semana.
Abraço,
Prof.Mateus Cordeiro
Vamos realizar uma atividade que servirá como base para a tarefa de música da Gincana do dia 13/04 Sexta-feira.
Matéria - História da Música
- Música Medieval
- Música Renascentista
- Instrumento Primitivo contruído à base de osso
Acompanhem as aulas e observem as oficinas no decorrer da semana.
Abraço,
Prof.Mateus Cordeiro
segunda-feira, 19 de março de 2012
Núcleo Roda de Samba
Bom dia Alunos!
Segue abaixo a música para estudo.
O que é, o que é?
Gonzaguinha -
Dm E7 Am
Eu fico com a pureza da resposta das crianças
F7 E7
É a vida, é bonita e é bonita
A Bbº Bm E7
Viver, e não ter a vergonha de ser feliz
Bm E7 Bm
_Cantar e cantar e cantar
E7 A
A beleza de ser um eterno aprendiz
E7 A
Ah, meu Deus, eu sei, eu sei
Bbº Bm
Que a vida devia ser bem melhor e será
Dm A F#7
Mas isso não impede que eu repita
Bm E7 A E7
É bonita, é bonita e é bonita
Am
E a vida ?
A7 Dm
E a vida, o que é ? Diga lá meu irmão
Bm7(b5) E7
Ela é a batida de um coração ?
Bm7(b5) E7 Am
_Ela é uma doce ilusão ? ê ô
Mas, e a vida ?
A7 Dm
Ela é maravilha ou é sofrimento ?
Bm7(b5) E7
Ela é alegria ou lamento ?
Bm7(b5) E7 Am
_O que é, o que é, meu irmão ?
G7
Há quem fale que a vida da gente
C
É um nada no mundo
Bm7(b5) E7
É uma go....ta no tempo
A#7 A7
Que não dá um segun....do
Dm Bm7(b5) Am
Há quem fale que é um divino mistério profundo
F7 E7
Bm7(b5) E7
Você diz que é luta e prazer
Am
Ele diz que a vida é viver
E7
Ela diz que o melhor é morrer
A#7 A7
Pois amada não é, e o verbo é sofrer
Dm
Eu só sei que confio na moça
Am
E na moça eu ponho a força da fé
F7
Somos nós que fazemos a vida
E7
Como der, ou puder ou quiser
Bm7(b5) E7 Am G7 C
_Sempre de...sejada, por mais que esteja errada
Bm7(b5) E7 Am B7 E7
Bm7(b5) E7 Am G7 C
_E a per....gunta roda, e a cabeça agita
Dm E7 Am
Eu fico com a pureza da resposta das crianças
F7 E7
É a vida, é bonita e é bonita
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